Devaneio dispersado

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


- CRAAAW, CRAAW - fez o corvo voando pela janela, acordando-o de suas divagações.
Ele odiava quando seus pensamentos eram interrompidos de forma brusca, mas ultimamente isto se tornara uma rotina.
Não tinha ideia do motivo pelo qual os pássaros estavam tão agitados pelas redondezas, mas não perdia muito do seu precioso tempo tentando descobrir.

Quando voltou a focar os pensamentos nos códigos que estava digitando para tentar fazer um software qualquer voltar à funcionar, se deu conta de que sua bexiga estava a ponto de explodir.

Afastou sua cadeira alguns centímetros, bloqueou o computador para ter certeza de que ninguém iria futricar nas suas coisas - não que existam coisas muito secretas aqui nessa máquina - pensara, mas odiava imaginar seus colegas mexendo em um ícone que fosse da área de trabalho.

Abriu a porta e caminhou até o banheiro, que ficava na porta ao lado. Ao abrir o banheiro, sentiu um cheiro nojento vindo de dentro. - Malditos cagões - pensou.

Ao tentar abrir a porta de um dos dois box, constatou que a mesma estava fechada. - Custa perderem a mania de trancar a porta antes de sair do banheiro? - Esses pequenos incômodos eram o que transformavam um dia ótimo de trabalho em um dia repleto de rancor.

Após fazer suas necessidades notou que, ao se dirigir à porta do banheiro pisou em uma poça. Qual não foi sua surpresa quando percebeu o vermelho vivo que aquele líquido reluzia.

Assustado, saiu correndo tropeçando nos próprios pés quase batendo de cabeça na parede em frente. Por sorte um funcionário da manutenção do prédio estava passando e, ao perceber o que tinha causado aquele susto, rapidamente entrou no banheiro para destrancar a porta, pois a poça vinha de lá.

Ao abrir a porta, nenhum dos dois consegui segurar o almoço dentro do próprio estômago.

Sentado ao vaso jazia um corpo sem cabeça. Mesma cabeça essa que estava faltando no alto do corpo, encontrava-se embaixo da tampa, teimando em trancar o fluxo da água e transbordar um rio de sangue e água encanada...

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