Imersão em Contos [5]

Leia a série do início: Prolegômeno

Capítulo anterior: A Descoberta

O Quarto

 

          “Cheguei em frente à fechadura do quarto de Luna, fechei os olhos, torcendo para que desse certo. Prendi o ar, segurei a chave em minhas mãos, e finalmente o primeiro alívio, a fechadura aceitou. Faltava a segunda parte. Vagarosamente girei a chave, e pra minha surpresa a fechadura retraiu, e a porta se abriu. Em dois passos já estava dentro do quarto.

          Eu preciso descrever o que vi. Mas por mais que pense e rabisque nessa maldita folha não consigo encontrar as palavras certas para descrever o que eu vi e senti. Por isso, farei com que seus próprios olhos possam enxergar o horror pelo qual passei ao abrir aquela porta...

          Eu não estou certo ainda se devo entrar novamente naquele quarto. Tenho quase a absoluta certeza de que irei me arrepender profundamente de ver aquilo novamente. Mas a necessidade de registrar o que eu vi é maior do que meu próprio medo. Vou tentar fazer isso enquanto eu ainda consigo controlar a minha mente. Enquanto eu estiver no controle tudo sairá bem. Tenho certeza que sim... espero que sim.”

          As últimas frases que estavam rabiscadas naquele papel amassado ainda ressoavam na cabeça de David, quando aquelas imagens desprovidas de qualquer sanidade começavam a surgir na tela. Uma a uma, aquelas dez lembranças registradas por Maurício foram pulando da tv e se alojando profundamente dentro de sua mente. Não conseguia crer. O temor começava a retumbar no peito dele. De alguma forma estranha, as fotos lhe causavam um frenesi difícil de descrever. A cada momento, as unhas de David se cravavam mais profundamente no sofá, e seu coração batia mais forte. Não sabia porque aquilo acontecia com ele, apenas sabia que lhe significava alguma coisa....

 

A Primeira Imersão

 

          Diante das imagens, uma lágrima percorreu o rosto de David e pingou suavemente em seu colo. O transe causado pelo que via apenas foi cortado no momento em que ele novamente ouviu a voz da apresentador anunciando:

          E diante desse horror que todos nós acabamos de presenciar, chegamos ao fim do nosso segundo bloco. Após esse momento de incredulidade, Maurício novamente voltou a escrever, dessa vez dentro do quarto, e podemos dizer que suas palavras são tão confusas quanto as próprias fotos que tirou. Então, não percam o próximo bloco, onde iremos mostrar um bilhete encontrado amassado jogado ao fundo do quarto onde as fotos foram tiradas, e tirem suas próprias conclusões sobre o estado em que ele se encontrava...

          David ofegava incrédulo, tentando organizar na sua mente as ideias passadas pelo que vira. Naquele momento o melhor que tinha a fazer era levantar e ir buscar um copo de água, antes que a ansiedade tomasse conta de todos os seus pensamentos...

Próximo capítulo: O Desespero